Nascida em 1850, na cidade de Nova York, Angelina Fanny Hesse foi uma mulher cientista que trouxe um gigantesco benefício para a microbiologia. Porém até hoje os créditos não foram dados a ela.
Robert Koch, em 1880, havia começado seus estudos acerca de bactérias, porém não havia um meio de cultura sólido eficaz para seus estudos. Com várias tentativas, Koch percebeu que ao deixar uma batata cortada exposta, aparecem pequenas manchas na superfície, com isso ele teve a ideia de utilizar fatias de batata como um meio de cultura sólido, a fim de obter colônias isoladas.. É notório que ainda era necessário um método mais eficaz. Além de batatas, Koch realizou experimentos utilizando gelatina como meio de cultura, esta que por sua vez também apresenta problemas, como o fato de derreter a 37°C e ser degradada por bactérias.
Porém, a partir de 1881, esse cenário começa a mudar. Fanny Hesse trabalhava como assistente técnica de forma não remunerada com seu marido Walther Hesse, que fazia parte da equipe de Koch, na Alemanha. Em uma conversa com o marido, Fanny sugeriu o uso de ágar-ágar, um produto que ela utilizava na culinária, que havia aprendido, com um vizinho que já havia morado na Ásia, onde esse extrato de alga marinha era utilizado na culinária, para que as comidas gelatinosas, como o pudim, não derretessem sob as altas temperaturas da região.
Com o uso do ágar, Koch conseguiu isolar uma bactéria, que ele denominou de “Tubercule bacillus”, que é o agente causador da maioria dos casos de tuberculose (posteriormente esta espécie ficou popularmente conhecida como bacilo de Koch). Em seu artigo anunciando a identificação desta bactéria, Koch não deu créditos nem à Walther, muito menos à Fanny, ele apenas citou (sem muitos detalhes) como era esse novo meio de cultura. Mesmo assim, isso não resultou em benefícios para a família Hesse e eles foram sendo esquecidos com o passar do tempo, principalmente Fanny, que por ser mulher era ainda mais oculta da história.
Na tentativa de eternizar a descoberta de Fanny Hesse, alguns pesquisadores e historiadores sugeriram trocar o nome de “ágar simples” para “meio de Frau Hesse”. Todavia não foi popularizado esse nome e não houve a mudança. A história de Fanny Hesse vem mostrar como há cientistas que trabalham nos laboratórios e são ignorados pela sociedade, além de levar a uma problemática maior, a representatividade feminina desde aquela época sendo mascarada pela sociedade.
Fontes pesquisadas:
AGAPAKIS, Christina. The Forgotten Woman Who Made Microbiology Possible. 14 jul. 2014. Disponível em: https://www.popsci.com/blog-network/ladybits/forgotten-woman-who-made-microbiology-possible/. Acesso em: 24 outubro 2020.
AYALA-NUNEZ , Vanesa. #FEMSmicroBlog: Usa ágar em seu laboratório? Agradeça a Angelina Hesse!. 7 out. 2020. Disponível em: https://fems-microbiology.org/femsmicroblog-angelina-hesse-portuguese/. Acesso em: 24 outubro 2020.
KASHANI, Mitra. 10 Women Microbiologists You Don’t Know About, But Should: 10 Unsung Heroines of Microbiology. 24 ago. 2020. Disponível em: https://www.internationalmicroorganismday.org/blog/10-women-microbiologists-you-dont-know-about-but-should. Acesso em: 24 outubro 2020.
HARDY, Jay. AGAR and the Quest to Isolate Pure Cultures: Fanny Hesse’s invention that changed microbiology forever. Santa Maria, Califórnia, EUA. Acesso em: 24 outubro 2020.
HESSE, Wolfgang. Walther and Angelina Hesse-Early Contributors to Bacteriology: In an unassuming way,. they moved agar from the kitchen to the lab, revolutionizing bacteriology. ASM News, v. 58, n. 8, p. 425-428, 30 jun. 2017. Disponível em: https://web.archive.org/web/20170630173511/https://www.asm.org/ccLibraryFiles/FILENAME/0000000227/580892p425.pdf. Acesso em: 24 outubro 2020
Adorei!!